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domingo, 20 de dezembro de 2009

Omoloko

Segundo nosso entendimento, o Omoloko começou a existir como uma das variantes de religião afro-brasileira que passou a ser praticada no Brasil a partir de algum tempo no passado, depois da chegada dos escravos negros. Provavelmente de maneira precária no início, pela falta de liberdade dos escravos para qualquer tipo de organização, mas, com o decorrer do tempo e com as leis que foram aos poucos mudando as condições de vida dessas pessoas, de maneira mais organizada e completa – e o Omoloko, nesse particular, em nada difere das outras variantes religiosas afro-brasileiras. O que o torna particular é que ele se estruturou inteiramente no Brasil, tendo influência de diversos rituais religiosos africanos, principalmente os dos povos que vieram de regiões que hoje são o Congo, Angola, Moçambique, Nigéria, Benin, Camarões – e, portanto, diferente dos Candomblés, por exemplo os de origem Yoruba, que ainda hoje guardam forte predominância de influência de sua região de origem, e aqui se organizaram obedecendo a um padrão religioso e cultural já preestabelecido nessas origens. O Omoloko fazia parte do que se chamava, nos fins do século XIX e início do século XX, de Makumba, no Rio de Janeiro; segundo os estudiosos, também a Makumba se originou de diversas procedências, conforme a influência de suas regiões de origem na África; assim, existia a Makumba Mina, a Rebolo, a Cabinda, a Congo, etc.O Omoloko organizou-se majoritariamente na Zona da Mata em Minas Gerais, no estado do Rio de Janeiro, no nordeste do estado de São Paulo e em parte do Espírito Santo; o nome é Yoruba e existem várias opiniões a respeito de seu significado. Uns dizem que significa “filhos do tempo”, porque no início, devido à falta de recursos, seus adeptos praticavam-no ao ar livre, ou debaixo das árvores, ou debaixo das árvores chamadas Iroko. Outros atribuem à palavra sentido mais literal e abrangente, como “filhos da fazenda”, ou mesmo “filhos da roça”, designando os negros vindo do meio rural e que professavam tal religião, haja vista serem muitas dessas organizações estabelecidas mesmo nas roças, ou em áreas afastadas das cidades.

O Omoloko praticado por nós foi instituído por uma escrava, nascida na África, que no nosso meio ficou conhecida como Maria Batayọ.



História de Batayọ

Maria Batayọ nasceu por volta de 1.797 na África. Veio com vinte anos como escrava para o Brasil, para trabalhar numa fazendo do estado do Rio de Janeiro. Foi embarcada no Forte da Mina e tinha procedência Mina Je San, segundo uma das versões; outra versão conta que Batayọ era uma negra Bini, que são os habitantes da região da cidade de Benin na Nigéria, povo que reivindica para si descendência dos Yoruba de Ife. Seus contemporâneos de culto afro-brasileiro no Brasil diziam dela que era Nago, quando queriam compará-la com outros praticantes do Omoloko. Já veio feita da África, era de Nanan e foi feita por Sanguerabu, um africano que nunca pisou o solo brasileiro e que era das terras de Egun (também conhecido como Popo ou Je), povo de língua da família Ewe, nas cercanias de Porto Novo, na Baía de Benin, no litoral do antigo Daomé, atual Benin.Seu nome, de fato, parece ter sido Tayọ. Era chamada assim na fazenda em que trabalhou. “Ba” talvez tenha sido agregado mais tarde, talvez nos meios religiosos afro-brasileiros que freqüentou, e “Maria” foi o nome adotado em terras brasileiras. Batayọ era escrava doméstica e trabalhava na cozinha; teve impaludismo (malária) e curou-se tomando chá de fedegoso. Enquanto esteve doente e convalescendo, uma prima sua, não escrava, muito boa cozinheira, foi ajudá-la nos serviços. Batayọ aprendeu muito com essa prima e se revelou com ótimas qualidades, acabando por se transformar numa cozinheira tão boa quanto a outra. A pedido da filha da fazendeira, Sinhazinha, Batayọ foi transferida para outros serviços domésticos, dentro da casa grande. Nesse tempo, Sinhazinha namorava um rapaz de uma fazenda vizinha e, passeando com ele a cavalo, caiu e machucou a cabeça. Ficou muito mal e foi salva por Batayọ, mas esteve pelo resto da vida sujeita a crises nervosas e, por isso, passou a ser cuidada pessoalmente por Batayọ, a quem se apegou ainda mais. Sinhazinha casou-se com esse namorado, do qual teve alguns filhos, entre mulheres e homens. Um desses homens tornou-se major do Exército, e mais tarde foi feito no santo por Batayọ, na futura Roça dela, no morro de São Carlos, na cidade do Rio de Janeiro. O marido de Sinhazinha, um dia, castigou demais um escravo, mandando chicoteá-lo no tronco até quase à morte. O negro sobreviveu e depois de recuperado matou o fazendeiro a facadas. Sinhazinha, prejudicada pelo seu estado nervoso, ao saber do ocorrido, teve um colapso e morreu. Só que, antes disso, já havia alforriado Batayọ, como recompensa pelo cuidado que sempre tivera com ela, e depois com seus filhos, ajudando-a a criá-los; além disso, ainda lhe comprara o terreno do morro de São Carlos, para que um dia Batayọ tivesse onde morar, datando daí a posse desse terreno.Quando Sinhazinha morreu, por volta de 1.867, Batayọ tinha cerca de setenta anos. Muito velha para viver na fazenda, veio para a cidade e ocupou sua terra no morro de São Carlos, fundando a Roça e iniciando sua vida de mãe-de-santo. Batayọ casou-se no Brasil, teve vários filhos naturais e fez vários filhos-de-santo em sua Roça. Apesar de ter vindo feita da África, aprendeu com africanos ex-escravos muito sobre os fundamentos das religiões africanas praticadas aqui no Brasil naquela época, especialmente o Omoloko, tanto durante o período em que viveu na fazenda quanto em seu primeiro ano na Roça do morro de São Carlos. Batayọ morreu aos 129 anos, por volta de 1926, na Roça do morro de São Carlos, onde, além de ter sua Casa-de-Santo, também morava. Anunciou sua própria morte algum tempo antes. Nove pessoas presenciaram sua passagem: Samuel, “Seu” Chaves, Ricardina, Henriqueta, Mistura, Tuti, Tẹko, Edgar Canivete e Fujẹko, que tinha então 13 anos de idade. Para este último, ela disse que, quando ele tivesse entre 36 e 39 anos de idade, alguém, que não estava ali, iria cobrir sua casa de flores e pétalas no chão, para receber o Santo dele, no momento em que ficasse pronto. De fato isso aconteceu, quando Lili, que não era filha de Batayọ, nem de sua descendência nem ascendência e que sequer chegou a conhecer Batayọ, ficou encarregada disso na casa onde Fujẹko mais tarde residiria, depois de concluídas suas obrigações com Roxinha e Henriqueta. Roxinha, sua filha natural e filha-de-santo, fez o aşeşe de Batayọ, tirou a mão-de-vumi dos filhos de Batayọ e deu saída ao ẹbọ de seus Santos. Depois disso, a Roça do morro de São Carlos esteve fechada por seis meses, ficando Roxinha como sua sucessora. Vinte anos após morreu Roxinha, por volta de 1.946. Henriqueta ainda ficou na roça, mas os netos de Batayọ tomaram posse da propriedade e o Terreiro acabou. Henriqueta fundou então um Terreiro em Bento Ribeiro, na cidade do Rio de Janeiro, e morreu quatro anos após Roxinha, por volta de 1.950. Para tentar descobrir a origem de Batayọ, ou Tayọ, partiremos do princípio muito provável que o nome dessa yalorişa seja Yoruba e que Sanguerabu seja um nome pertencente a uma língua da família Ewe. Essa afirmação baseia-se também na história contada acima e no fato óbvio de que Batayọ teria que ter convivido com Sanguerabu. Os dados conhecidos, aparentemente inconciliáveis, dão a ela diversas origens, ou seja, Nago, Mina Je San, Bini e de procedência do Porto da Mina. Há ainda o fato de ela ter nome Yoruba e ser filha-de-santo de um babalorişa de origem Egun, povo também conhecido como Popo ou Je.Pensamos que, sendo Batayọ Bini, ou descendente de Bini, seria ela também Yoruba. Conforme já vimos, o povo Bini se considerava descendente dos Yoruba de Ife, e muito provavelmente, então, ela teria convivido com Sanguerabu, ou em terras Yoruba, ou em terras dos Egun (ou Popo ou Je), ou em terras de fronteira ou de vizinhança desses dois povos. No primeiro caso, sendo Bini, poderia ter nascido e se criado numa região de fronteira, o que era uma possibilidade concreta, pois havia povos, entre eles os Egun (ou Popo ou Je), todos de língua da família Ewe, que ocupavam a região litorânea da Baía de Benin, indo desde o Gana, no sentido oeste-leste, até Badagri, onde se encontravam com os Bini, que habitavam a parte litorânea dessa região e que vinham desde a Cidade de Benin, no sentido oposto, leste-oeste. Já os Yoruba localizavam-se no interior desse litoral.Sendo ela de descendência Bini, teriam seus antepassados migrado para uma região que fizesse fronteira com Egun (ou Popo ou Je), mas que fossem terras Yoruba e não terras Bini. Essa região poderia ser a antiga Província de Colônia, que circundava Lagos, ou até mesmo essa cidade da Nigéria. Hipótese também possível, visto que, nessa cidade, no século XV, foi estabelecida uma dinastia Bini, tendo Lagos pago tributos a Benin até 1830. Além disso, houve um intenso comércio de negociantes escravagistas portugueses entre essas duas cidades.Maria Batayọ poderia ter nascido também em um distrito chamado Egun-Awori, na região de Badagri, no antigo Protetorado Britânico, perto de Lagos, onde a população era constituída de pessoas de Egun e de Awori. Awori é um povo que se estabeleceu em Lagos na época da dominação Bini sobre essa cidade; neste caso, por exclusão, não sendo Awori, pois isto não foi mencionado como sendo uma de suas origens, ela seria Je, como conta sua história – Je (ou Egun ou Popo), ou de origem Yoruba e nascimento Je.Outra origem provavel seria nas terras dos Anago, ou Nago, região no interior do antigo Daomé, que fazia fronteira com o reino de Ketu, com as terras dos Egbado e as dos Awori no interior e com os Egun (ou Popo ou Je), no litoral. Ali existiam comunidades Egbado, de população majoritariamente constituída de uma mistura de Anago (ou Nago), e Egun (ou Popo ou Je), o que nos levaria a supor que ela poderia ser Anago (ou Nago). Essa hipótese confirma mais uma vez sua condição Yoruba, sendo ou não de descendência Bini, visto que, para os daomeanos, todos os Yoruba do Daomé eram considerados Nago (ou Anago).Existia também um povo denominado Ahori, que talvez não tenha origem Yoruba mas que adotou língua e cultura Yoruba e habitava as terras dos Anago, já na fronteira com os Ketu. Esse povo se autodenominava Dje. Os Egun (ou Popo ou Je) os conheciam, tanto que os chamavam de Holi. Os Ahori não habitavam terras que fizessem fronteira com aquelas ocupadas pelos Egun (Popo ou Je), mas poderiam se relacionar com eles. Isso é possível pelo fato de que tanto os Egun (ou Popo ou Je) das comunidades Egbado quanto os Ahori (ou Holi ou Dje) habitarem as terras dos Nago (ou Anago). Se Batayọ tivesse nascido aí, seria uma Dje, mas talvez fosse considerada também Yoruba pelos Egun (Popo ou Je), pelo fato de ser Bini. Nesse caso também seria considerada Nago (ou Anago) por eles, por ser Yoruba do Daomé. Assim Batayọ tanto seria Dje, Je, Nago, Yoruba descendente de Bini ou Bini.No Rio de Janeiro, no século XIX, período em que Batayọ chegou ao Brasil, os Yoruba que desembarcavam na cidade procedendo de qualquer região da África ou do Brasil eram chamados de Nago. Analisando por esse ângulo, Batayọ poderia ser considerada Nago pelos seus contemporâneos no Brasil por ser mesmo Nago, sendo Yoruba do Daomé, ou por ser realmente Yoruba de outra região africana. O fato de também ser considerada Mina pode ser explicado por ela ter embarcado para o Brasil no Forte da Mina, que fica na região conhecida igualmente como Costa da Mina, que abrange o Forte de São Jorge da Mina, em Gana, e a Baía de Benin. Nesse caso ela seria conhecida como Mina-Nago, como eram denominados os Yoruba embarcados na Costa da Mina levados para o Rio de Janeiro no século XIX.

História de Fujẹko

Fujẹko, Gérson Gentil de Azevedo, nasceu na casa de número 12 na rua Cândido Benício, que sai do Largo do Campinho e vai para Jacarepaguá, em Cascadura, Rio de Janeiro, em 25 de outubro de 1.913. Eram duas casas, a de número 10 e a 12, que ficavam ao lado de um posto de saúde, e talvez já não existam. Era filho de Gelásio Gentil de Azevedo, baiano, e Graziella Bayão de Azevedo, sergipana, que faleceu quando Fujẹko contava com seis anos de idade. Teve os seguintes irmãos: José Salvador Bayão de Azevedo, o Zequinha, ou Bayão; Moacir Bayão de Azevedo; Lourdes Bayão de Azevedo; Haydê Bayão de Azevedo, que morreu intoxicada aos quatro anos de idade; Zuleika Bayão de Azevedo e Jair Bayão de Azevedo, gêmeos, sendo que Jair morreu com cerca de quatro meses de idade. Segundo o próprio Fujẹko, desde muito cedo, aos sete anos, ele bolou para o Santo; então, Dona Lúcia [vizinha de sua família ao tempo em que Fujẹko era criança, no Largo do Campinho, antigo beco Maria José], mãe de quatro filhos [Lara, Pedro, Jovem (mulher) e Anenor], amiga da família em decorrência de vizinhança, levou Fujẹko para o Terreiro de Tio Abẹdẹ.Fujẹko, porém, ali não ficou muito tempo, indo para a Casa de Tia Chica de Vavá, de onde saiu para a casa de Batayọ, aí ficando até depois da morte dela, lá permanecendo com Roxinha e Henriqueta. Batayọ iniciou Fujẹko, seu trigésimo-sexto e último filho-de-santo. O major, filho da Sinhazinha, foi quem custeou a obrigação dele. Sua mãe-criadeira foi Maria de Lembra Tudo. Roxinha e Henriqueta fizeram as obrigações posteriores e Henriqueta lhe deu o dẹka – e quem recebeu o seu Santo com flores, na casa onde então morava, foi Lili, isso entre os 36 e 39 anos de Fujẹko, entre 1949 e 1952, ou seja, quando Roxinha já tinha falecido, e como predissera Batayọ. Bakayọdẹ, de Şango, irmão-de-santo de Batayọ, foi quem deu e ensinou o jogo de búzios para Fujẹko. Após aprender e receber o jogo, a primeira pessoa para quem Fujẹko jogou foi o próprio Bakayọdẹ. Nesse jogo ele viu a morte de Bakayọdẹ.Fujẹko fundou sua Casa-de-Santo, denominada Tenda Espírita dos Humildes, em 4 de dezembro de 1954, no Beco Rita Vieira, hoje Rua Rita Vieira, número 40, em Madureira, Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Fujẹko teve muitos filhos-de-santo; entre os que receberam o dẹka, estão: Noêmia de Marabo, de Yemọja com Oşoọsi, com Terreiro em Itapocu, Vitória, Espírito Santo; Tereza, de Iyansan e Şango, com Terreiro no estado do Rio; Mozart, de Şango e Ọşun; Fátima, de Oşalufan; Regina Lúcia Ruiz de Gamboa, de Ọşun; Palu, de Obaluaiye; Maria Antônia de Jesus Melo, de Ọbaluaiye; Maria Luiza; Jandira, de Oşoọsi; Mitze; Eiya, de Omolu; Ângela; Ruth de Souza Castro, de Obaluaiye e Ọşun. Entre outros seus filhos feitos estão Pedro, de Şango, pejigan; Ari Barreto de Oşoọsi, ogan; Odete, de Şango, jibonan; Eurico Jacy Auler, de Şango Agodo, oşogun; as mães-pequenas Hilda, de Ogun; Corina, de Şango; Ida, de Omolu; Yeda; Bichinha; e Angra, de Omolu e Iyansan; Maria Alice, iyabase; além de Jorge (Dedei), de Obaluaiye, filho natural de Hilda de Ogun; Gamboa, de Oşoọsi, marido de Regina Lúcia; Afonso e sua esposa Dina; Jeová; Iara; e o marido de Maria Alice e Carmem. Fujẹko casou-se com Ilka Machado de Azevedo, nascida em 26 de junho de 1914, em 20 de maio de 1935; não teve filhos naturais e morreu em 1º de junho de 1977. Depois de sua morte, seu irmão Zequinha, de Ọşun, feito por Regina Lúcia, vendeu a propriedade e o Terreiro acabou. Hoje, permenece fechado e vazio, parece que sem qualquer uso ou destino.

História de Maria Antônia

Maria Antônia de Jesus Melo nasceu em Fortaleza, Ceará, filha de Maria Marques de Oliveira Melo, nascida em Jardim, Ceará, e Jairo Bandeira de Melo, do Rio Grande do Norte. Era católica e de família católica. Quando nasceu tinha um irmão já adulto, por parte de pai. Teve mais quatro irmãos por parte de pai e mãe – três homens, que morreram crianças, e uma irmã. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 16 anos com a família, em 1948, para a rua Coração de Maria, no Méier. Casou-se em 1950, com João de Oliveira, só no religioso, visto ser ele separado da mulher, e foi morar na rua Sabino Ribeiro, em Irajá. Teve duas filhas naturais – Cleane de Oliveira e Márcia Cristina de Oliveira. Maria Antônia começou a ficar doente logo depois do casamento. Por causa disso, foi aconselhada por D. Raimunda, médium atuante de um centro espírita kardecista e mãe do chefe desse centro, Rodrigues, a consultar-se espiritualmente ali. Depois disso, começou a freqüentar o local, chamado Centro Espírita Bezerra de Menezes, em Cascadura. Porém, continuava sempre doente, e, aconselhada por uma entidade do Centro, que lhe recomendara um Centro que não fosse de mesa, mas que fosse de chão – um Terreiro–, foi à procura de um. Por sugestão de um colega de trabalho (o marido de dona Mariquinha, zeladora do Terreiro de “Seu” Pena Azul, em Osvaldo Cruz) de seu marido, começou a freqüentar esse Terreiro, onde começou a ter as incorporações da Preta-Velha Tia Maria da Bahia, do Caboclo Aracati e de Ogun Beira Mar. Mas, mesmo assim, continuava bem doente e emagrecendo. Depois de algum tempo, foi aconselhada por um guia incorporado do Terreiro a procurar um Terreiro de Nação. Por isso, aconselhada por uma sua conhecida da época, foi ao endereço, que era numa rua de Madudeira, procurar o tal Terreiro de Nação. Estava procurando o endereço, quando uma mulher a quem pediu informação lhe disse que aquele ela não conhecia, mas que conhecia um muito bom ali perto, e que ela estava indo lá, para falar com o pai-de-santo, Fujẹko; desse modo, ela dirigiu-se com a mulher à Tenda Espírita dos Humildes, Terreiro de Aşẹ Omoloko, localizado à rua Rita Vieira, 40, cujo babalorişa era Gerson Gentil de Azevedo, o Fujẹko, o qual, depois de atender à mulher e à filha dela, fez um jogo para Maria Antônia, orientando-a no que deveria ser feito diante dos problemas de saúde que ela estava enfrentando. Isso já era outubro de 1966, ou dezesseis anos desde que ficara doente e começara a procurar uma solução para seus problemas. Foi logo recolhida e logo feito um bori, depois do que já começou a melhorar de suas doenças. Iniciou-se assim sua vida religiosa naquele Terreiro. Suas filhas naturais receberam também um bori na casa de Fujẹko. Depois de sete anos, em 1973, recebeu o dẹka e o levou, bem como os seus asentọ para sua casa, nessa época já na Estrada Intendente Magalhães em Vila Valqueire, onde reside até hoje. Sua mãe-pequena de feitura foi Hilda, de Ogun. Em 1983, seis anos depois da morte de Fujẹko, Mãe Maria Antônia fundou seu Terreiro, Ile Aşẹ Ọbaluaiye, nos fundos de sua residência. Desde então tem como filhos com dẹka Paulo de Oşala, com Casa em Icaraí, Niterói, e Isa de Yemọja, com Casa em Ricardo de Alburquerque, Rio de Janeiro. Em junho de 1999, fez os asentọ do Ileko, Casa de Omoloko, em Brasília, e em novembro fez Cora, de Ogun, Lígia, de Ọbaluaiye, Leni, de Yemọja e Simone, de Iyansan, tendo como mãe-pequena sua filha natural Márcia, feita no Ketu.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

”Omolocô”



KIÔCOS DE LUNDA - A RAIZ AFRICANA DO OMOLOKÔ
Na antiguidade o povo Kiôco, conquistador por natureza, espalhou-se por diversos pontos da África Central, povoando uma grande extensão de terras, compreendidas desde a região Sudeste até a Nordeste da República Democrática de Angola, ocupando também parte da República Democrática do Congo e de Zâmbia.

Foi em Lunda, uma província dividida em Lunda do Norte e Lunda dos Sul, situada no nordeste de Angola, onde houve a maior concentração desse povo e de onde surgiu o termo Kiôcos de Lunda.

O idioma pr,edominantemente usado pelos Kiôcos de Lunda é o Kimbundu, que influenciou a língua portuguesa a ponto de acoplar nela diversos termos como: samba, umbanda, etc.

A geografia na área ocupada pelos Kiôcos, tanto dispunha de bosques densos e florestas trop,icais às margens dos rios Kasai e Kwilu, quanto de planícies de savana e de imensos planaltos gramados desde a parte central angolana até a margem rio Zambezi na Zâmbia ocidental. Nesse "habitat" fartamente banhado pela natureza, cultuavam e louvavam o sa,grado.

Os Kiôcos desenvolveram e mantiveram a sua identidade cultural adaptando-se a influências externas. O sucesso dos Kiôcos e de sua sobrevivência foram resultado de sua flexibilidade cultural e de sua habilidade para se adaptarem às mudanças imin,entes em toda África e fora dela(...)

Algumas vertentes do Omolocô seguem preceitos mais simples como no Nagô, deistas de 03 dias ,preceitos mais leves, porém sempre dentro da visão de Nação. No Omolocô em geral não se raspa, apenas no Ori como catulag,em no restante , saídas, deitas, obrigações são fundamentadas como no Candomblé.

(Desconheço autoria)

”Omolocô”



DESVENDANDO O CULTO OMOLOKÔ
A desinformação sobre o Omolokô foi e é provocada pela combinação de vários fatores.
Primeiro porque o povo Bantu, ponto de partida desse culto, era particularmente dado ao isolamento e muito mais reservados que os demais negros que aportaram no Brasil. Eles supunham manter desse modo, os segredos de culto intactos, mas na realidade isso acabou por gerar inúmeras distorções, vividas até os dias de hoje. Segundo porque muitos dos antigos Sacerdotes do culto foram morrendo e levando consigo boa parte do que sabiam. Terceiro por causa dos ensinamentos passados pela transmissão oral, visto que pela oralidade restringia-se apenas a memória dos mais confiáveis e graduados iniciados, a guarda dos fundamentos. Memória muitas vezes falha, que levou simplesmente ao esquecimento de muitas das preciosidades originais e dos fundamentos do culto. Por fim a dificuldade de se levantar arquivos, registros históricos, matérias, artigos, documentos e demais fontes de consulta, desestimulam ao estudo e a redescoberta do culto.
As atuais barreiras para se desvendar o Omolokô, devem-se a raridade de se encontrar antigos livros publicados que tratem objetivamente do assunto, aliada a total inexistência de novos lançamentos literários exclusivamente voltados à doutrina do culto, para que se possibilite restaurá-lo e ergue-lo ao topo e ao lado das demais religiões co-irmãs afro brasileiras, destacando-o por sua genuína identidade.Mas como nenhum obstáculo é intransponível para N’Zambiapongo, ou simplesmente Zambi - o Criador e Deus dos Bantus e do Omolokô e nem para Kitembu, ou Tempo – O Patrono do Omolokô, estarei contribuindo para que o meu culto tenha a sua identidade reconhecida, calcada em seus próprios fundamentos, a fim de derrubar de uma vez por todas o tom, às vezes pejorativo, de leigos, ao rotularem o Omolokô como um “Umbandomblé”, uma “Umbanda Melhorada” ou um “Candomblé de meia feitura”, o que só demonstra o grau de desinformação a respeito do culto.É preciso resgatarmos primeiramente as suas raízes. Para isso focaremos inicialmente em África, mais precisamente naqueles que nos deixaram o Omolokô de legado, o povo Kiôco, mais exatamente os Kiôcos de Lunda, de cuja organização social, história e cultura, idioma nativo, costumes, crenças e rituais religiosos, lendas e superstições, musicalidade e percussão e dos seus conceitos morais foram erguidos os alicerces da religião praticada hoje em dia.

KIÔCOS DE LUNDA - A RAIZ AFRICANA DO OMOLOKÔ
Na antiguidade o povo Kiôco, conquistador por natureza, espalhou-se por diversos pontos da África Central, povoando uma grande extensão de terras, compreendidas desde a região Sudeste até a Nordeste da República Democrática de Angola, ocupando também parte da República Democrática do Congo e de Zâmbia.Foi em Lunda, uma província dividida em Lunda do Norte e Lunda dos Sul, situada no nordeste de Angola, onde houve a maior concentração desse povo e de onde surgiu o termo Kiôcos de Lunda. O idioma predominantemente usado pelos Kiôcos de Lunda é o Kimbundu, que influenciou a língua portuguesa a ponto de acoplar nela diversos termos como: samba, umbanda, etc.A geografia na área ocupada pelos Kiôcos, tanto dispunha de bosques densos e florestas tropicais às margens dos rios Kasai e Kwilu, quanto de planícies de savana e de imensos planaltos gramados desde a parte central angolana até a margem rio Zambezi na Zâmbia ocidental. Nesse "habitat" fartamente banhado pela natureza, cultuavam e louvavam o sagrado. Os Kiôcos desenvolveram e mantiveram a sua identidade cultural adaptando-se a influências externas. O sucesso dos Kiôcos e de sua sobrevivência foram resultado de sua flexibilidade cultural e de sua habilidade para se adaptarem às mudanças iminentes em toda África e fora dela. Falamos das raízes africanas trazidas pelos negros Kiôcos.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Omolokô



A antiga nação Angola era formada pelo território de Cambanda que se separou do Estado do Congo. Até 1918 possuía uma população de etnia Bantu num total de quatro milhões e cento e vinte mil habitantes. O culto Omolocô nasceu das tribos Lunda-Quiôcos. Com o tráfico negreiro chegaram ao Brasil, no segundo ciclo do comércio escravo, os negros de Angola, Congo, Benguela, Cambinda, Mossamedes, Moçambique e Quielimane. A sua herança cultural permaneceu nas Congadas, Marujadas, Caboclinhos, Guardas de Moçambique e Congo, Rainha Conga, Rei Congo, etc.

O termo ”Omolocô” deriva de lokô, a árvore sagrado Lokô ou Irokô (a gameleira branca), local onde os negros se reuniam, embora possua outros significados como “eu poderoso nas almas”. O Omolocô possui na sua lógica a crença no Cruzeiro das Almas, o Cruzanbê ou Banda de Saluim. Os “pretos-velhos” são essas almas em missão caridosa na Terra, ancestrais a serem cultuados, que habitam no sub-solo, a reprodução deste mundo na eternidade. As guias usadas pelos Pretos-Velhos são feitas de lágrimas de Nossa Senhora, com a cruz de guiné (erva sagrada de Zambi), significando a saudade dos que partiram.

Do convívio com os índios brasileiros nasceu um rito intermédio chamado de Sambangolé ou Caboclos de Aruanda, onde se cultuam os caboclos brasileiros, encantados cheios de virtudes e auxiliadores da condição humana, que comunicam misturando o português com termos guaranis e tupis, e possuem grande conhecimento sobre plantas, raízes e ervas sagradas.

OS BACUROS DO OMOLOCÔ

As divindades do culto Omolocô são chamadas de Bacuros, termo Lunda-Quiôco para Orixá. A crença Omolocô dita que os Bancuros são forças imateriais que se manifestam através dos Yabaôs.


http://www.apcab.net/religiosidade-afro-brasileira/omoloco/

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