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sexta-feira, 3 de julho de 2009

”Omolocô”



DESVENDANDO O CULTO OMOLOKÔ
A desinformação sobre o Omolokô foi e é provocada pela combinação de vários fatores.
Primeiro porque o povo Bantu, ponto de partida desse culto, era particularmente dado ao isolamento e muito mais reservados que os demais negros que aportaram no Brasil. Eles supunham manter desse modo, os segredos de culto intactos, mas na realidade isso acabou por gerar inúmeras distorções, vividas até os dias de hoje. Segundo porque muitos dos antigos Sacerdotes do culto foram morrendo e levando consigo boa parte do que sabiam. Terceiro por causa dos ensinamentos passados pela transmissão oral, visto que pela oralidade restringia-se apenas a memória dos mais confiáveis e graduados iniciados, a guarda dos fundamentos. Memória muitas vezes falha, que levou simplesmente ao esquecimento de muitas das preciosidades originais e dos fundamentos do culto. Por fim a dificuldade de se levantar arquivos, registros históricos, matérias, artigos, documentos e demais fontes de consulta, desestimulam ao estudo e a redescoberta do culto.
As atuais barreiras para se desvendar o Omolokô, devem-se a raridade de se encontrar antigos livros publicados que tratem objetivamente do assunto, aliada a total inexistência de novos lançamentos literários exclusivamente voltados à doutrina do culto, para que se possibilite restaurá-lo e ergue-lo ao topo e ao lado das demais religiões co-irmãs afro brasileiras, destacando-o por sua genuína identidade.Mas como nenhum obstáculo é intransponível para N’Zambiapongo, ou simplesmente Zambi - o Criador e Deus dos Bantus e do Omolokô e nem para Kitembu, ou Tempo – O Patrono do Omolokô, estarei contribuindo para que o meu culto tenha a sua identidade reconhecida, calcada em seus próprios fundamentos, a fim de derrubar de uma vez por todas o tom, às vezes pejorativo, de leigos, ao rotularem o Omolokô como um “Umbandomblé”, uma “Umbanda Melhorada” ou um “Candomblé de meia feitura”, o que só demonstra o grau de desinformação a respeito do culto.É preciso resgatarmos primeiramente as suas raízes. Para isso focaremos inicialmente em África, mais precisamente naqueles que nos deixaram o Omolokô de legado, o povo Kiôco, mais exatamente os Kiôcos de Lunda, de cuja organização social, história e cultura, idioma nativo, costumes, crenças e rituais religiosos, lendas e superstições, musicalidade e percussão e dos seus conceitos morais foram erguidos os alicerces da religião praticada hoje em dia.

KIÔCOS DE LUNDA - A RAIZ AFRICANA DO OMOLOKÔ
Na antiguidade o povo Kiôco, conquistador por natureza, espalhou-se por diversos pontos da África Central, povoando uma grande extensão de terras, compreendidas desde a região Sudeste até a Nordeste da República Democrática de Angola, ocupando também parte da República Democrática do Congo e de Zâmbia.Foi em Lunda, uma província dividida em Lunda do Norte e Lunda dos Sul, situada no nordeste de Angola, onde houve a maior concentração desse povo e de onde surgiu o termo Kiôcos de Lunda. O idioma predominantemente usado pelos Kiôcos de Lunda é o Kimbundu, que influenciou a língua portuguesa a ponto de acoplar nela diversos termos como: samba, umbanda, etc.A geografia na área ocupada pelos Kiôcos, tanto dispunha de bosques densos e florestas tropicais às margens dos rios Kasai e Kwilu, quanto de planícies de savana e de imensos planaltos gramados desde a parte central angolana até a margem rio Zambezi na Zâmbia ocidental. Nesse "habitat" fartamente banhado pela natureza, cultuavam e louvavam o sagrado. Os Kiôcos desenvolveram e mantiveram a sua identidade cultural adaptando-se a influências externas. O sucesso dos Kiôcos e de sua sobrevivência foram resultado de sua flexibilidade cultural e de sua habilidade para se adaptarem às mudanças iminentes em toda África e fora dela. Falamos das raízes africanas trazidas pelos negros Kiôcos.

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